Total de visualizações de página

3 de abr. de 2012

Fotografia: registro da História numa linguagem de imagem


A fotografia surgiu na década de 1830 e nesses quase duzentos anos mudou a forma de registrar os momentos vividos. Cada vez mais a facilidade de ter algum aparelho com câmera fotográfica e a rapidez de compartilhar, divulgar ou vender essa imagem se tornou maior. No entanto, será que a foto reproduz completamente o que foi fotografado?

Até o início do século XX pensava-se que as fotos eram provas infalíveis, como um espelho que refletia o que havia sido fotografado. Não se tinha dado conta que a máquina fotográfica por si só não produz imagens, é necessário que alguém a manipule. Se alguém “tira” a foto, está usando a sua subjetividade, a sua maneira de ver o mundo. Além disso, se o retrato for com pessoas, elas estão posando de uma forma que consideram o resultado final satisfatório. O significado do “bonito”, do que é “adequado” para a foto, muda ao longo do tempo. Antigamente as pessoas não sorriam nas fotografias. O retrato era feito com elas sérias, posando de maneira estática. Isso era uma convenção social, considerava-se “feio” ou “errado” sorrir nas fotos. Com o tempo isso foi se modificando, principalmente porque a máquina fotográfica e a foto foram se tornando mais baratas, proporcionando o registro de outros momentos e em maior quantidade.

Portanto, observar fotografias antigas é uma forma de estudar história. Porém, não se pode perder de vista a ideia de vestígio: as fotos não mostram como era realmente determinado lugar ou indivíduos, porém dão pistas do que foi aquele pequeno momento no passado. Memórias podem ser criadas pela visualização desse registro, e tudo depende de quem observa aquela fotografia. Visualizar a fotografia de Getúlio Vargas para um adolescente do século XXI, que estudou o governo Vargas na escola, é completamente diferente de uma pessoa mais velha que viveu na época em que Vargas era presidente. O adolescente pode se lembrar do livro didático ou da professora de História falando, enquanto a pessoa mais velha pode se lembrar do dia em que Getúlio morreu ou do que estava vivendo naquele contexto histórico.

Referência: MAUAD, Ana Maria. “Através da Imagem: Fotografia e História Interfaces”. Revista Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, n° 2, 1996, p. 73-98.