“O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens
presentes, a vida presente” (Carlos Drummond de Andrade).
Eu adoro esse trecho do poema Mãos
Dadas do Drummond. O poeta conseguiu definir em poucas palavras minha paixão
por estudar História, relacionando o Tempo, o Presente e a Vida. Se o Tempo é a
principal perspectiva da análise história, ela não se faz sem pessoas, tanto as
que se foram quanto as que estão aqui nesse mundo.
Hoje lembrei desse trecho olhando os
alunos do último ano do Ensino Médio comemorando seu último dia de escola. Apesar
de diversos últimos, foi um dia muito alegre e muito vivo para aquela gurizada.
A alegria e o alívio de encerrar um ano cheio de provas, aulas, trabalhos,
discussões e (in)definições foi bonito de se ver. Os sorrisos e as fotos se
espalhavam pelo corredor e no final tudo acabou em tinta, fotos e bagunça,
muita bagunça (de branquear cabelos dos adultos).
E eu no meio de tanta alegria e
festa, lembrando do Drummond e pensando o quanto a escola congrega de vidas e
histórias. Quantos dias passados lá com eles, quanta falta eles farão, como será
o futuro dessa gurizada? Como esse espaço social concentra pessoas diferentes,
com trajetórias diferentes, com momentos e pensamentos diferentes.
Por isso não é fácil a convivência
em muitos momentos, é muita vida junto, é muita experiência acumulada e a
acumular, são muitas falas e falatórios e será muita saudade. Eles até podem
respirar fundo agora pelo fim da maratona de avaliações, mas em Fevereiro de
2014, quando a mochila já estiver aposentada é que a ficha cairá. E o tempo,
esse invento dos humanos, irá mostrar aos poucos o quanto esse período foi
importante. E a memória, amiga da História, fará o jogo do lembrar e esquecer (com
certeza esquecerão da matéria – quem foi Tiradentes mesmo? O que é
hidrocarbonetos? – e lembrarão da Gincana, do dia em que o fulano tentou colar
na prova da professora tal).
Espero que sejam mais lembranças
boas que ruins. Espero que sejam felizes, espero que saibam aproveitar as
oportunidades e que cresçam na vida. Espero que quando pararem para refletir
sobre suas vidas, e pensarem sobre suas Histórias, tenham a certeza que
escolheram caminhos produtivos. E não estou me referindo a dinheiro (que é ótimo
e a vida capitalista solicita), falo de satisfação, satisfação de ser e estar
no lugar e na vida que construíram para cada um.
Feliz 2014, anjinhos!