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13 de mar. de 2014

Sobre Educação

Gostei muito desse trecho final do texto "A Crise do Giz", de Thomaz Wood Jr.

"Ensinar e aprender trata-se de um processo relacional que vai além dos métodos e das tecnologias. Diz essencialmente respeito a relações humanas. Não é entretenimento ou diversão. Tampouco é sofrimento. Envolve escutar, avaliar, refletir e praticar. Pode ser penoso, às vezes, mas deve sempre recompensar estudantes e professores. Pode usar novos métodos e novas tecnologias, mas depende essencialmente da construção de um palco para a interação coletiva".


10 de mar. de 2014

Doze Anos de Escravidão


Retirando a poeira deste blog, eis o ganhador do Oscar de melhor filme em 2014. Doze Anos de Escravidão. Filme elaborado a partir do livro escrito por Solomon Northuop, liberto que foi sequestrado e tornado escravo por doze anos. O filme se passa nos EUA do século XIX, mas segundo Lilia Moritz Schwarcz e Maria Helena Machado, o regime escravista de lá retratado no filme tem semelhanças com o sistema escravista do Brasil. 

As historiadoras escreveram um texto comentando o filme e as possíveis comparações entre a escravidão dos EUA e a do Brasil. Segue o link para o texto: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/154391-um-pouquinho-de-brasil.shtml

8 de mar. de 2014

Dia Internacional da Mulher

Para lembrar esse dia de luta por igualdade de gêneros, deixo aqui o discurso de agradecimento de Lupita Nyong'o no evento "Black Women in Hollywood". O discurso foi retirado do blog Escreva Lola Escreva
Para quem não sabe, Lupita é atriz e ganhou o Oscar como Atriz Coadjuvante no filme também pemiado "Doze Anos de Escravidão".

Eis o discurso da moça:

Recebi uma carta de uma garota e gostaria de dividir um pequeno trecho com vocês: “Querida Lupita,” diz ela, “Acho que você é realmente sortuda por ser tão negra e ainda assim fazer esse sucesso todo em Hollywood da noite para o dia. Eu estava quase comprando o creme Dencia’s Whitenicious para clarear a minha pele quando você apareceu no mapa mundial e me salvou”.
Meu coração sangrou um pouco quando li essas palavras. Jamais poderia imaginar que meu primeiro trabalho após terminar os estudos seria tão poderoso em e por si mesmo que me lançaria como uma imagem de esperança da mesma forma que as mulheres de A Cor Púrpura o foram para mim.
Lembro de um tempo em que eu também não me sentia bonita. Eu ligava a TV e só via peles rosadas, clarinhas. Eu achava que minha pele de matiz noturnal era uma provocação e um insulto. E minha única súplica a Deus, o fazedor de milagres, era que eu pudesse acordar com a pele mais clara. Vinha a manhã e eu ficava tão excitada para ver minha nova pele que me recusava a olhar os meus pés até estar de frente ao espelho, porque eu queria ver meu rosto claro primeiro. E todos os dias eu vivia a mesma decepção de continuar tão escura quanto no dia anterior. 
Eu tentava negociar com Deus: dizia pra ele que iria parar de roubar torrões de açúcar à noite se ele me desse o que eu queria; que ouviria todas as palavras de minha mãe e nunca mais perderia minha blusa da escola se ele simplesmente me tornasse um pouco mais clara. Mas acho que Deus não se impressionava com minhas moedas de troca porque Ele jamais atendeu aos meus pedidos.
E quando eu era adolescente meu ódio por mim mesma ficou ainda pior, como vocês devem imaginar que acontece na adolescência. Minha mãe me lembrava com frequência que ela me achava linda, mas isso não me consolava: ela é minha mãe, é claro que se espera que ela me ache bonita. Foi então que Alek Wek surgiu no cenário internacional. Uma modelo celebrada, negra como a noite, estava em todas as passarelas e em cada revista e todos falavam sobre o quanto ela era linda. Até a Oprah disse que ela era linda, o que tornou isso um fato. 
Eu não podia acreditar que as pessoas estavam aceitando uma mulher que se parecia tanto comigo como bonita. Minhas características físicas sempre foram um obstáculo difícil de vencer e, de repente, Oprah estava dizendo que não, elas não eram isso. Isso era espantoso e eu não queria aceitar isso porque eu estava começando a gostar da sedução da inadequação. Mas não dava para segurar a flor que estava desabrochando dentro de mim. 
Quando vi Alek eu, inadvertidamente, vi um reflexo de mim mesma que eu não podia refutar. Agora eu tinha molas nos pés, porque eu me sentia mais visível, mais valorizada pelos distantes porteiros da beleza, mas à minha volta a preferência por peles claras ainda prevalecia. Para os observadores que eu considerava importantes, eu ainda não era bonita. E minha mãe, de novo, me dizia: “Você não pode comer a beleza. Ela não te alimenta”. E essas palavras me atormentavam e aborreciam; eu não as entendi de verdade até finalmente compreender que a beleza não era algo que eu pudesse adquirir ou consumir, era algo que eu simplesmente precisava ser.
E o que minha mãe quis dizer quando me falou que não se pode comer a beleza foi que não se deve confiar no seu visual para se manter. O que é fundamentalmente belo é a compaixão por si mesma e por aqueles à sua volta. Esse tipo de beleza incendeia o coração e encanta a alma. É o que colocou Patsey em tantas dificuldades com seu senhor, mas também o que manteve sua história viva até hoje. Lembramos-nos da beleza de seu espírito, mesmo depois que a beleza de seu corpo se desvaneceu.
Assim, eu espero que minha presença no cinema e nas revistas possa levar você, jovem garota, em uma jornada parecida. Que você sinta a validação de sua beleza externa, mas também se dê conta do profundo trabalho de ser bela por dentro. Não há tons [jogo com os significados de shade, que pode ser sombra ou tom de cor] para essa beleza.