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24 de out. de 2013

Produções Discentes


Vamos falar de coisas boas nas escolas? 

Pois quando pensamos em escola e principalmente em escolas públicas, vem a nossa cabeça um tsunami de problemas, dificuldades, desaforos, trabalho e descasos. Sim, realmente existe esse "caos" educativo e o objetivo aqui não é discordar disso. Entretanto, dizem que todo o "caos" é criativo e em meio a esse turbilhão há momentos e situações positivas que merecem ser relatadas, comentadas e divulgadas por aí. 
É necessário uma posição diante das dificuldades, mas eu prefiro começar falando do que está dando certo para depois reivindicar e rever o que está errado. Relembrando, mais uma vez, que é somente a minha opinião, não quer dizer que é "a verdade" ou "a correta".

A partir disso, vou apresentar algumas produções textuais dos discentes do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola pública de Porto Alegre que merecem ser destacadas. Adianto que as produções foram cedidas pelos autores e que realmente merecem a leitura.

O tema da redação era o seguinte: "Gonçalves é um angolano nascido em Luanda que veio para o Brasil passar as férias. Além da curiosidade por conhecer as paisagens brasileiras, Gonçalves queria conhecer mais sobre a escravidão que aconteceu aqui. Como boa parte dos escravos que aportaram para o Brasil vieram de Angola, Gonçalves queria entender o que aconteceu com seus antepassados depois que eles atravessaram o Oceano Atlântico.
Você é muito amigo(a) do angolano e sabe que ele está vindo para o  Brasil. Escreva um texto relatando como tu contarias esse passado escravista brasileiro para o Gonçalves, onde você poderia levar ele, qual a influência dos africanos no país. Além de contar um pouco sobre esses 300 anos de regime escravista, é necessário comentar sobre a situação dos afrodescendentes atualmente. Como ficaram os escravos depois da abolição? Qual a situação dos negros hoje em dia no nosso país?"

A primeira redação a ser publicada é da aluna Gabriela da Rosa Neto:

Ao desfrutar os cocais do litoral, as praias de Copacabana, as matas amazônicas, e o frio gaúcho, você perceberá que não há outro lugar como o Brasil, um país cheio de corrupção política, um país onde a população se preocupa com as novelas da Globo, e com coisas que não fazem sentido e esqueçam que na vida real ainda há pessoas passando fome e falta de educação e hospitais, mas além de todos esses desastres culturais, um dos aspectos mais polêmicos é justamente a questão do negro em relação ao resto da população, é um fato historicamente triste que atinge uma boa parte da população.
O Brasil é um país de miscigenações, onde os índios nativos se escondem, os negros ainda sofrem influências do passado e o branco (colono) sempre se apodera de tudo, os costumes e conceitos etnocêntricos não mudaram muito hoje em dia, em pleno século XXI. No Brasil os “negros” ou “afrodescendentes”, possuem baixas condições econômicas, onde um suposto negro pós-graduado com mestrado e doutorado, muitas vezes ganha uma porcentagem inferior que a de um homem branco que trabalha na mesma área, mas não precisou se esforçar tanto para garantir sucesso na vida, a situação só piora para as mulheres negras, tendo uma porcentagem ainda menor em relação ao salário do homem negro, do homem branco e até mesmo da mulher branca, – quanto a isso, meu amigo Gonçalves, podemos dizer que não será nada fácil pra você, – pois ainda há um notável preconceito no mercado de trabalho, quanto  a questão genérica ou étnica.
Na região Sul do Brasil não há muita descendência negra, é uma etnia mais habitada para o litoral Norte e Nordeste do Brasil, pois na época da escravidão era mais fácil transportá-los dos navios negreiros chegados da África para o litoral do Brasil. A Bahia era o estado que mais produzia cacau na época, e era a região que mais havia escravos para produzir mais cacau e vender ao exterior, mais fluentemente entre a época do Brasil Colônia ao Imperialismo de Dom João VI, que foi uma época bastante conturbada para quem nasceu na África, até porque era abundante o comércio de escravos, estes eram vendidos como produtos e mão de obras baratas.
A Abolição da Escravidão, em 1888, e consequentemente a Proclamação da República, em 1889, não adiantaram de nada para as condições de quem trabalhava para “senhores de engenho”, muitos deles já não tinham oportunidades de emprego e não tinham como se sustentar, portanto, estes se acolheram em cortiços e morros, dando início a uma serie do que viria a ser a pobreza do negro hoje em dia, por isso a maioria, ainda hoje mora em vilas e têm mínimas condições econômicas, outros poucos se contentaram com o sistema, foram à luta e conseguiram mudar de vida econômica.
Ainda durante o século XX, foi uma época difícil para quem nasceu negro, pois ainda havia preconceitos e insultos, na década de 1950 algumas famílias negras ainda trabalhavam nas casas de pessoas brancas, mas isso não era visto como escravidão, pois essas famílias sustentavam os filhos dos trabalhadores e ainda davam um troquinho pela recompensa. Mas na década de 1980 foi legalizada uma lei, dizendo que era crime discriminar uma pessoa pela aparência externa, ou mais precisamente, descriminar um negro pela cor da pele ou pelas condições de vida. E por lei é permitido que todo o ser humano, seja lá qual etnia for, deve ser tratado como um cidadão, com direitos iguais, como todos os demais, pensando nisso, o sistema resolveu concretizar as Cotas Raciais nas Universidades, já que poucos têm condições de pagar para estudar em universidades públicas ou federais, enquanto outros têm que trabalhar muito para pagar os estudos, embora essa política não sirva somente para os negros, pois não adianta nada um negro ter estudado o ensino médio inteiro em escola particular, esse sistema vale para quem estudou durante todo o ensino médio em escola pública e que tenha uma renda média per capita de um salário mínimo.
Hoje em dia ainda é permitido dançar e lutar Capoeira pelas ruas, antes quem fizesse tais amostragens era condenado a no mínimo seis meses de cadeia, isso é um absurdo, mas depois da abolição da escravidão, da República Velha, e durante a década de 30, Vargas havia visto uma dessas danças e achou muito bom, então ele legalizou para que fosse possível dançar capoeira livremente na rua, também tem o Carnaval, criada e incentivada pelos negros na mesma época.
Conclui-se que o negro é a cara do Brasil, é a etnia que fez o Brasil ser o que é hoje, em questão de produção e em questões culturais. Mas o Brasil negro se esconde atrás da cara branca, ou seja, a população brasileira não se espelha na África, na verdade, o brasileiro se influencia com os costumes europeus.


20 de out. de 2013

Do Congo ao Brasil

Encontrei essa reportagem do Opera Mundi sobre uma refugiada do Congo que por acaso fugiu para o Brasil. Uma história de vida muito trágica e cotidiana de regiões africanas que permanecem durante anos em conflito.

Vale a pena a leitura!



A refugiada congolesa que chegou ao Brasil por acaso


Ornela Mbenga Sebo tem hoje 23 anos. Ela vivia com seus pais e duas irmãs em uma casa confortável na cidade de Walikale, na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Era uma quarta-feira no mês de janeiro em 2011, quando sua vida mudou. Como de costume, acordou cedo, tomou banho, fez a refeição com sua família e despediu-se para mais um dia de trabalho sem saber que aquela seria a última vez que veria seus parentes.
Desde a década de 90, o Congo vive um conflito político e civil. Mobutu Sese Seko governou o país desde 1965. Após o seu exílio forçado, em 1997, o líder opositor Laurent D. Kabila passou a ocupar o cargo da presidência. Foi neste momento que grupos de origem ruandesa se revoltaram contra Kabila, que acabou assassinado em 2001 por seu guarda-costas. Com isso, o filho, Joseph Kabila, assumiu seu lugar.Após ser eleito presidente em 2006, Kabila atuou para desmobilizar vários grupos opositores, mas o ano de 2011 marcou mais uma investida de crimes que assolaram várias cidades congolesas.
A grave crise humanitária que acometeu o Congo já deixou quatro milhões de mortos em razão de combates armados, mas também devido a fome e doenças. Por pouco Ornela sobreviveu e teve um destino que jamais poderia imaginar. Ela foi violentada e escravizada, mas conseguiu fugir em um navio mercante rumo ao Brasil. No Rio de Janeiro, a jovem do Congo contou sua história rica a Opera Mundi.


O dia em que tudo mudou


Aos 21 anos de idade, Ornela viu sua casa ser incendiada e se perdeu da família. “Começou o bombardeio e tiros. A gente pensou que era uma coisa passageira, mas não passou. Quando acalmou, saí do trabalho para tentar chegar em casa e vi minha casa pegando fogo”, lembrou.
Desde pequena, seu pai lhe contava que a guerra já acontecia havia tempos. “É muito difícil sentir na pele. Fiquei desesperada. Pensava que meus pais estavam lá dentro da casa pegando fogo. O governo não faz nada e a polícia é a primeira a sair da cidade”, disse.
Walikale ficou irreconhecível com prédios incendiados e destruídos. Embora a iminência de um conflito em Kivu do Norte sempre estivesse presente e os moradores se preparassem para fugir das cidades e seguir em direção à capital, Kinshasa, a família de Ornela não previra o ataque. A onda de violência veio sorrateira e devastou a vida de milhares de pessoas.
“Eram opositores de Ruanda e Burundi. Desde que a gente mudou o presidente, esse conflito começou. Quando a gente ouvia que ia ter guerra, saíamos da cidade e seguíamos para Kinshasa. Dessa vez aconteceu assim de repente”, narrou.
Em choque e sem saber a quem recorrer, a jovem se juntou a um grupo de pessoas,em direção a Kinshasa. A esperança era encontrar avós que viviam na capital.
Foram longos dias de caminhada debaixo de sol, chuva e vento. “Não tinha certeza se estavam vivos, mas queria encontrar minha outra família. Fugi a pé. Andamos duas semanas. Encontrei com pessoas que estavam fugindo também, eram idosos, crianças, mulheres e homens”.
Ornela narra com detalhes sua jornada. Ao longo dos dias, ela atravessava cidades inteiras a pé, aparentemente fantasmas. “Não tinha mais ninguém, havia mortos pendurados. Passamos numa cidade que tinha gente morta na rua, cachorros comendo corpos, cidades destruídas. Tenho vivo na memória, quando conto, parece que volto no lugar de novo”.



Ataques



Apesar das intempéries do caminho, o maior perigo era ser atacada por grupos que “andavam de cidade em cidade procurando gente para matar”.  
“Fingi estar morta. Botei sangue de alguém no meu corpo, coloquei uma pessoa morta em cima de mim e prendi a respiração. Chegaram perto, me chutaram para ver se eu estava viva e foram embora. Eu continuei a caminhada”, relatou.
Até que em mais um cerco, a jovem não escapou e foi capturada. Perguntada se chegou a ter medo de morrer, ela disse: “naquela hora não, não tinha mais sentimento, já que meus pais não estavam, perdi a esperança, não sabia o que fazer”.
Em um grupo de 60 pessoas, Ornela foi levada à força para a Tanzânia. Sua função era buscar água para os sequestradores diariamente no porto de uma cidade que nunca soubera o nome. “Fui para a Tanzânia sendo escravizada. Prendiam a gente com força para dormir com eles, lavar roupa e fazer comida. Eles comiam e depois botavam a comida no chão para a gente comer. Eu dormia no chão em um acampamento. Sofri moralmente, física e mentalmente. Uma senhora que não queria dormir com eles, mataram cortaram ela (sic) na frente da gente. Bateram em mim algumas vezes, levei tapas, chutes”, descreveu.
Era um grupo de cerca de 30 pessoas, munidas de armas, granadas e facões. Ela lembra ouvi-los falar em rádio no idioma swahili. “Acho que o governo sabia dessas coisas. Eles falavam que iam matar todo mundo”.
Em uma de suas idas e vindas ao porto para buscar água – eram mais de 30 baldes por dia – Ornela conheceu um rapaz que ficou intrigado por ver sempre a moça com a mesma roupa. “Foi o rapaz que me ajudou a fugir. Ele me via todo dia com a mesma roupa quando eu ia pegar água. Tinha medo, não confiava mais em ninguém”.
O rapaz ganhou sua confiança e, como trabalhava no porto, arranjou que ela embarcasse escondida em um navio mercante e disse “você vai fugir para qualquer lugar que for”.



A fuga



Era uma madrugada em fevereiro, quando pulou o muro e entrou em um navio escondida. “Era uma questão de vida ou morte. Ele me deu um saco de amendoim e fiquei onde estava o lixo do navio”.
Ele se chamava Papy. Ornela nunca mais se esqueceu do nome do rapaz que salvou a sua vida. “É muito difícil encontrar alguém que quer te ajudar sem nada de volta. Ele me ajudou bastante”.
Foram duas semanas de viagem no escuro sem poder sair do depósito de lixo. Sem perguntar para onde ia, exausta e sem documentos, a jovem apenas sonhava em se ver livre dos rebeldes.
Moribunda, dias depois desembarcou numa cidade portuária. “Fui andando procurando alguma coisa para comer. Perguntei: eu tô aonde? E responderam, você está no Brasil”.
Ela falava português por ter estado em Angola anos antes. A jovem do Congo estava em Santos. “Fui perguntando se tinha trabalho e o dono de um bar me deu um suco e um salgado. Falei que vinha do Congo e tinha acabado de chegar. Um cara do lado disse que conhecia um angolano me levou até ele. Tudo isso aconteceu no mesmo dia”. Foi acolhida por um estudante angolano que se solidarizou com sua história e, em menos de um mês, a chegava no Rio de Janeiro para ser recebida por conterrâneos.
“Me mandaram dinheiro para comprar passagem de ônibus. Foi o momento mais feliz quando me receberam. Todos choraram. Eles disseram que iam ajudar a procurar minha família. Foram meus anjos da guarda”, disse.
No Rio, Ornela reconstruiu sua vida. Ela vive no bairro de Irajá, no subúrbio carioca, com os quatro amigos – Felly, Freddy, Raule e Rodrigue. Obteve o status de refugiada no Brasil e tem o direito de viver e trabalhar como qualquer cidadão brasileiro.
Com a ajuda da Cáritas, entidade que trabalha em parceria com o governo brasileiro e a ONU para acolher refugiados, Ornela conseguiu um emprego de recepcionista no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lá fez inúmeras amizades, mas faltava ainda uma coisa para que se sentisse com a vida reconstruída. Ela queria encontrar algum parente.



O reencontro



Desde 2011, nunca mais falou com ninguém de sua família. Com uma conta do Facebook, seu tio que vive na França a localizou e quase um ano depois seus pais também a encontraram.
“Mobilizaram gente para encontrar meus pais, foi gente na minha cidade com fotos procurando. Demorou uns 10 meses para encontrar. No ano passado eu estava no trabalho, meu celular tocou e ouvi uma voz diferente. Era minha mãe. Chorei muito. Era tanta alegria, tudo o que eu queria. Mãe você está viva? Eu parei aqui no Brasil... não sei bem explicar”.
No dia do incêndio da casa em 2011, seus pais e irmãs se esconderam num bunker construído no subsolo, mas conseguiram sair antes da casa pegar fogo e fugiram para o Senegal. Hoje, sua família vive em Chicago, nos Estados Unidos.
“Esse foi o momento mais, mais, mais feliz da minha vida. Sempre fui muito apegada aos meus pais. Agradeço todos os dias”, salientou.
Sua meta é visitar a família. Quer passar o Natal com os pais. Sensibilizados, seus colegas lançaram uma campanha pela internet de crowdfunding para arrecadar dinheiro e ajudar a pagar sua passagem de avião. Ela pretende ficar perto dos pais e irmãs.
A história vai virar livro também, pois Ornela topou contar em detalhes passagens de sua vida para uma biografia. Uma coisa é certa para a jovem refugiada do Congo: não pretende voltar tão cedo para seu país. “Não pretendo voltar. É meu país, eu amo, sou africana, sou do Congo, mas só voltaria se a situação estivesse mais segura. Aí posso voltar, mas não para morar, só para visitar meus avós que continuam lá”.





16 de out. de 2013

Arquivos da Cidade

Para visualizar o documentário, clique nesse link: http://www.youtube.com/watch?v=nIIma7ZtSPY

Informações sobre o documentário:
Diretores: Felipe Diniz e Luciana Knijnik
Ano: 2009
Depoimentos:
Antonio Losada;
Lino Brum Filho;
Carlos de Ré;
Gregório Mendonça;
Ignez Serpa Ramminger;
Bona Garcia.

Esse documentário proporciona uma boa aula de história sobre a Ditadura Civil-Militar Brasileira. A começar pelo nome “Arquivos da Cidade”: são seis pessoas, seis memórias, seis depoimentos, seis arquivos de seis diferentes experiências de quem lutou contra a ditadura em Porto Alegre. Os arquivos aqui não remetem a papeis e documentos antigos, mas se referem a diferentes pessoas: estudantes, líderes sindicais, familiares de desaparecidos, que viveram este período da história nacional e tem muito que contar de suas vivências.

Antes de continuar o texto sobre o documentário, uma ressalva teórica: memória não é história. Lembrar um evento ocorrido anos atrás não quer dizer que se está escrevendo “A” história do período. A memória é um mosaico que se faz e refaz a todo instante, dependendo do momento em que é solicitada a lembrança. Então, a memória dos acontecimentos ocorridos no período da ditadura para essas pessoas na década de 1990 era distinta das lembranças gravadas nesse documentário em 2009. Isso acontece não porque essas pessoas querem “mascarar” os acontecimentos e esconder a “verdade”. Isso ocorre porque a memória do ser humano é assim, inconstante, fugaz, transitória. Devido a essa característica, técnicas de pesquisa são utilizadas para escrever a história do período levando em consideração os depoimentos das pessoas, de maneira que o produto final esteja dentro dos métodos científicos que a ciência da história permite e aceita.

Os arquivos da cidade se referem a uma cidade em específico: Porto Alegre. Essa é mais uma característica que favorece a escolha desse documentário principalmente para quem leciona na própria cidade. É comum no ensino de história focar no Brasil. Sendo assim, algumas cidades mais “nacionais” são destacadas, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília. Essa é uma oportunidade de destacar o que aconteceu aqui, na cidade dos alunos, destacando locais que eles conhecem porque já passaram por lá, como o Hospital Nossa Senhora da Conceição comentado no vídeo.

É interessante destacar Porto Alegre também devido a sua participação dentro do contexto de Ditadura Civil-Militar. Por ser a capital do estado do RS o aparelho burocrático e repressivo do governo ditatorial era centralizado aqui. Além disso, o estado do RS é fronteira da Argentina e Uruguai, favorecendo trocas de informações e prisioneiros, pela Operação Condor. Isso favorece em pensar a cidade como ponto estratégico do governo brasileiro, não como um lugar em que nada aconteceu ou como palco secundário, deslocando o foco para o Rio de Janeiro ou Brasília.

Documentário não é um gênero cinematográfico que os alunos estão acostumados. Entretanto esse em específico foi feliz em dois quesitos: por ter uma curta duração, favorecendo que professores com poucos períodos de aula semanais consigam exibi-lo em um período e porque são as pessoas que contam, de “cara limpa e peito aberto” suas histórias, incluindo o período da prisão e da tortura. Nada mais impactante que ouvir e ver uma pessoa contando o que ela passou, a empatia é muito mais forte. Isso prende a atenção dos discentes, mesmo os mais dorminhocos.


Para finalizar, destaco a questão do vocabulário da época. “Expropriação”, “Revolução”, “Clandestinidade”, são palavras que os depoentes falam e que favorecem tratar do contexto desse vocabulário na época. Só essas três já propiciam uma outra aula. Cair na clandestinidade era abandonar a sua identidade: largar emprego, família, casa, trocar de nome, mudar de cidade, fugir da polícia que estava procurando por você. Normalmente as pessoas ficavam em “aparelhos”, que eram casas ou apartamentos alugados para disfarçarem os clandestinos e proporcionarem lugares para as reuniões dos movimentos organizados. A “Revolução” era a revolução de esquerda, sendo o modelo cubano o mais pensado e desejado, com a tomada do poder e a transformação do Brasil em um país comunista. E “expropriação” eram roubos e assaltos cometidos pelos movimentos de esquerda organizados para arrecadarem dinheiro para a “Revolução”, financiarem armamentos e manterem seus integrantes na clandestinidade.

14 de out. de 2013

A Globalização da Indiferença


As notícias recentes de naufrágios em Lampedusa, uma das ilhas italianas que fica entre a África e a Itália (leia-se Europa), retomam novamente as questões de imigração ilegal e xenofobia na Europa. Milhares de pessoas saem de locais pouco desenvolvidos ou que estão em guerra em busca de melhores condições de vida. As ilusões de "melhores condições de vida" se encontram em locais ricos e desenvolvidos, como a Europa ou os Estados Unidos da América.
Esses locais são realmente bem desenvolvidos economicamente se comparados aos países onde saem esses imigrantes. Entretanto, essa riqueza não é para eles. Essas pessoas que se aventuram em imigrações clandestinas não possuem boas oportunidades nos países ricos. Primeiro porque são ilegais, não é para eles estarem naqueles locais. Segundo porque não tem estudo para conseguir um melhor emprego. Terceiro porque os habitantes dos países ricos veem os imigrantes como um problema, pois estão em "seus países" para tirar vagas de empregos. Tanto que há políticas contra os imigrantes, proibindo a entrada e a permanência dos "estorvos".



Segue um texto da Carta Capital muito interessante sobre os últimos acontecimentos em Lampedusa, relacionando com os problemas de imigração ilegal. Segue o link: http://www.cartacapital.com.br/revista/770/a-globalizacao-da-indiferenca-6775.html


E pra quem veio de Marte ontem e não sabe o que está acontecendo na Terra sobre isso, dois links sobre as notícias de Lampedusa: aqui e aqui.