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18 de jul. de 2011

E durante a reforma da cozinha...

Eis que num belo dia no bairro da Gamboa, no centro do Rio de Janeiro, um casal resolveu reformar a casa. Até aí nada de diferente, afinal quem já não fez reformas ou um puxadinho no terreno? Mas o fato que torna essa história diferente é que se descobriram ossos humanos no terreno, bem embaixo da casa. O que teria acontecido? Assassinatos não revelados? Chacina de algum psicopata? Por que tanta gente enterrada embaixo da casa?
A questão de polícia se tornou uma questão histórica. Ali, na Gamboa, havia um cemitério de escravos recém chegados da África para o Brasil. Como as condições de navegação e transporte de escravos não eram das melhores, muitos acabavam ficando doentes em plena viagem, contraindo varíola por exemplo, e morriam logo que chegavam aqui. Criou-se um cemitério para esses “pretos novos” (nomes dos escravos recém chegados) naquela região em 1779, segundo a reportagem.
Uma das questões que podem ser destacadas dessa notícia é a questão da ocupação do espaço ao longo do tempo. O que hoje é uma simples rua com várias casas foi, há mais de cem anos, um cemitério de escravos bem perto do porto do Rio de Janeiro, onde os pretos novos chegavam. Ao longo do tempo, a população aumentou e foi preciso ocupar áreas maiores, deixando os escravos enterrados por lá e ocupando o terreno com casas e ruas. Gerações se passaram, o cemitério foi esquecido, muitas pessoas viveram nessa região e eis que, durante uma reforma, essa história vem à tona. Para felicidade geral, o casal resolveu criar o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) por conta própria, sem ajuda da prefeitura. Agora a pergunta que não quer calar é: por que a prefeitura não contribui para a formação desse memorial? Vão esquecer esse patrimônio nacional mais uma vez? Vamos precisar de outra reforma doméstica para ter resposta sobre o que fazer com o cemitério? Por quê essa falta de interesse? Várias questões a partir de uma reforma, hein...


O post surgiu dessa reportagem! E você pode saber mais aqui!

Inté!

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