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20 de out. de 2011

Dica de filme: Capitães da Areia


Os livros de Jorge Amado povoaram minha adolescência. Adorava aquela Bahia de Jorge Amado, seus personagens, o candomblé, os malandros e suas Gabrielas. Eis que esse ano surge um filme nacional de um desses livros: Capitães da Areia.
Corri para o cinema e a impressão foi muito boa. Normalmente, a gente prefere o livro ao filme, porém, achei esse filme muito bem costurado dentro dos 90 minutos destinado à história.

E porquê esse post sobre um filme de um livro se o blog é de História?

A história se passa na Bahia, nos anos de 1930, e retrata o cotidiano de um grupo de meninos de rua, chamado Capitães da Areia, que percorrem as ruas da cidade. Desde procurar comida, desenhar, pedir esmolas até furtos e roubos, o cotidiano desses meninos os faz homens. Eles precisam se comportar como adultos, mesmo novos na idade, porque não pode ser ingênuo para viver nas ruas: é necessário negociar acordos, ser esperto para não ser trapaceado, roubar para conseguir um dinheiro, fumar como os outros, jogar cartas para conseguir ganhar as apostas (mesmo roubando) e transar (pois há desejo nesses meninos). Ao mesmo tempo, se encantam com o carrossel da cidade e quando conseguem andar nele voltam a serem crianças e misturam tudo: a maturidade necessária pelas suas condições de vida e o brincar que é tarefa de toda criança.
Portanto, é um romance ficcional, mas que merece atenção por tratar de um assunto ainda comum: crianças abandonadas que precisam “ganhar a vida” de alguma forma. Vivem como adultos, roubam, não vão à escola, andam perdidos pelas ruas da Bahia e quando o governo se preocupa com elas, é devido aos roubos. Solução? Prender, bater e trancafiar na cadeia, com muito serviço no canavial para os infratores.
Será que esses capitães preferiam morar em casa com uma família ou viver no trapiche? O que aconteceu para esses meninos ficarem sem lar? Fugiram ou perderam os pais, como a Dora? Prender e bater nesses “marginais” é o melhor caminho para “colocar na linha” esses meninos? A crítica que o Jorge Amado fez em 1937 perdeu sua validade ou ainda encontramos uns “capitães” pelas cidades brasileiras?

Muitas perguntas para um filme que mistura tudo: arte, literatura, história, romance, crítica social, Jorge Amado, Bahia,...

Vale a pena o ingresso!

Acesse algumas informações aqui (site do filme).

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